Rival tricolor perdeu apenas uma partida na temporada longe da Bombonera - foi pelo Campeonato Argentino. Riquelme é peça-chave
O Boca Juniors é tradicionalmente um rival muito difícil de ser batido - e muitas vezes temido - dentro da Bombonera. O time argentino, no entanto, tem se mostrado muito perigoso também fora de seus domínios. Nesta Libertadores, a equipe ainda não perdeu longe de seu estádio: três vitórias - contra Arsenal-ARG, Fluminense e União Espanhola - e um empate - com o Zamora.
Depois de um início conturbado - empate com o Zamora e derrota na Bombonera para o Flu -, o time argentino cresceu e já tem sete vitórias seguidas na competição. Era o que o técnico Julio César Falcioni, que estava pressionado após as derrotas para o Tricolor e para o Independiente - pelo Campeonato Argentino -, precisava para ter tranquilidade e seguir seu trabalho.
No Campeonato Argentino, os números também são expressivos. Em oito jogos como visitante até o momento, o Boca perdeu apenas um, empatou três e venceu quatro. O último triunfo foi neste domingo, quando bateu o Racing, em Avellaneda, por 2 a 0 - gols de Lucas Viatri e Nicolás Blandi -, e recuperou a liderança da competição.
- Este esquema do Falcioni se encaixa melhor quando o time joga fora. Assim, o time não precisa ser protagonista do jogo e acaba jogando mais nas falhas dos adversários. É uma equipe mais cadenciada. Ele não é tão incisivo para dar início à pressão ou seguidas atitudes ofensivas nas partidas. Então, ele acaba jogando mais no contragolpe. O que é melhor quando joga fora de casa, já que o time local costuma tomar a ação do jogo - analisou Wargner Bordin, do blog Futebol Argentino.
Para Carlos Beer, do jornal "La Nacion", além da força defensiva, o Boca tem um grande trunfo para as partidas fora da Bombonera. Ele acredita que a experiência de Riquelme, que sabe como conduzir o time e irritar os adversários, é um diferencial.
- O Boca tem um técnico, o Falcioni, que arma bem o time para as partidas e faz uma defesa muito sólida. Por isso, quando joga fora e é atacado, não se sente tão pressionado como outros times. Além disso, tem o jogador mais inteligente do futebol argentino, Juan Roman Riquelme. Ele sabe conduzir as pausas do jogo e dar assistências. Riquelme comanda as partidas e faz com que os adversários se desesperem, como aconteceu contra Unión Española. O Boca tem um goleiro de ótimo nível, Agustín Orión, que tem a melhor coisa para um atleta da posição: é muito difícil que leve um gol em uma falha - disse o jornalista argentino.
Abel destaca a frieza do Boca
Ezequiel Cogan, do diário "Olé", acredita que a virtude do Boca fora de casa é não alterar seu jeito de jogar e não se incomodar quando é pressionado. Ele também coloca Riquelme como uma peça-chave na engrenagem da equipe argentina.
- A única derrota fora nesta temporada foi no jogo contra o Tigre (2 a 1), com um gol contra do Schiavi já nos acréscimos. O time não varia seu estilo quando joga fora da Bombonera, inclusive quando altera a escalação. Tem a virtude de não se incomodar quando é atacado, o que acontece bem mais na Libertadores do que no Argentino. É paciente, defende em bloco, tem zagueiros altos e fortes e sabe administrar o tempo. Riquelme é fundamental e sabe aproveitar os espaços que são dados quando o Boca sai da Argentina.
Abel Braga, técnico do Fluminense, também acredita que o Boca é mais "frio" como visitante. O técnico tricolor lembrou da postura do adversário no 2 a 0, no Engenhão, na fase de grupos.
- Acho que em casa eles têm até uma preocupação a mais, porque a pressão é grande também para eles. O jogador não fica tão frio. Aqui no Engenhão eles foram muito frios, não nos pressionaram. Eles nos deram a posse de bola e em duas jogadas erradas nossas foram lá e marcaram.
Por causa do duelo com o Fluminense, nesta quarta-feira, às 19h30m (de Brasília), no Engenhão, Falcioni escalou apenas três titulares contra o Racing: Orion (goleiro), Juan Insaurralde e Pablo Mouche. Para se classificar para semifinal, o Flu precisa vencer o Boca por dois de diferença (1 a 0 leva para os pênaltis) e quebrar a invencibilidade do rival fora de casa. Na fase de grupos, o Boca venceu por 2 a 0 no Engenhão.
Nesta quarta-feira, o Fluminense disputa uma vaga nas semifinais da Libertadores diante do Boca Juniors. Rafael Moura é agrande esperança de gols já que Fred ainda se recupera de lesão muscular na coxa direita. Só por isso o dia já é especial. Mas além da grande partida, o He-Man completa 29 anos de idade. O presente perfeito para o camisa 10 é obviamente a classificação e, se possível, com gols seus.
- É o jogo mais importante do ano até agora e estamos muito focados em conseguir uma vitória. Vale a nossa vida na Libertadores, sonho de todos. Erros não serão permitidos. Espero que possa sair de campo com a classificação como presente - comentou o jogador.
Artilheiro do Fluminense na última edição da Libertadores com quatro gols marcados, Rafael Moura espera um grande confronto e sonha em balançar as redes. Mas o primeiro objetivo, segundo ele, é a vaga.
- Nunca escondi de ninguém que gosto muito desse tipo de partida. Favorece meu estilo de jogo. Seria muito bacana aumentar essa marca pessoal, mas o primordial mesmo é ajudar o time a se classificar - concluiu.
Fluminense e Boca Juniors voltam a se enfrentar na próxima quarta-feira, às 19h30m (de Brasília), no Engenhão. O Tricolor precisa vencer por dois gols de diferença para ir à semifinal, enquanto a equipe argentina vai jogar pelo empate. Se o placar se repetir a favor dos brasileiros, a decisão da vaga vai para os pênaltis.