De decisão, o ex-jogador Luizão entende bem. Dos pés dele – e também da cabeça, sempre muito eficiente – surgiram tantos e tantos gols, que levaram Corinthians e Vasco às suas principais conquistas - o Mundial da Fifa em 2000 e a Libertadores de 98, respectivamente. Luizão era o dono da grande área, sempre a rondava, bem posicionado para vazar os goleiros adversários. Os tempos de glórias ficaram para trás. Há dois anos os gramados já não fazem parte do dia a dia do agora empresário. No entanto, o carinho pelos dois times permaneceu inabalável.
Nesta quarta-feira, Luizão verá essas duas paixões duelarem por uma vaga nas semifinais da Libertadores. Ele, porém, não fica em cima do muro. De casa, como costuma fazer, vai assistir pela TV e torcer para o Timão avançar.
– Eu tenho uma afinidade muito maior pelo Corinthians. Tenho todo respeito e carinho pelo Vasco, mas vou torcer pelo Corinthians, porque, além de meu pai ser corintiano, passei muito mais tempo no Parque São Jorge – disse o ex-jogador.
Foi na equipe paulista em que Luizão diz ter se realizado. Mal foi contratado, em 1999, e já liderou o time na campanha do tri nacional corintiano, com 21 gols. No ano seguinte, ele não titubeou no Mundial de Clubes da Fifa. Na final, ele converteu uma das cobranças que deram o título por 4 a 3 nos pênaltis ao Corinthians, depois de um empate sem por 0 a 0. O adversário era justamente o Vasco, seu ex-clube.
– O Corinthians foi minha maior realização. Sou o maior artilheiro do time na Libertadores, conquistei o maior título alvinegro e, ainda hoje, sou muito reconhecido nas ruas. Mas também tenho muito carinho pelo Vasco. É um time maravilho, em que também levantei a principal taça. Foi difícil reencontra a torcida, naquele mundial, mas quando entrava em campo, esquecia tudo – recordou o ex-atacante.
A história de Luizão no time de São Januário também é vitoriosa. Foram três títulos: além do Carioca de 1998 e do Torneio Rio-São Paulo do ano seguinte, Luizão levou também a Libertadores de 1998, com direito a gol na decisão diante do Barcelona-EQU.
Às 21h50m, no Pacaembu, o Vasco tentará seguir em frente em busca do segundo título da América. O Corinthians, por outro lado, quer sua primeira taça da competição continental. Os dois times armam sua artilharia para não repetir o 0 a 0 da partida de ida, no Rio de Janeiro, e avançar sem a necessidade de uma decisão por pênaltis.
Quando o assunto é gol na Libertadores, Luizão é referência. Ele somou 29 gols na competição – além de Corinthians e Vasco, ele ainda defendeu Grêmio e São Paulo, sendo campeão da América também com este último. Tantos gols o colocam como o maior artilheiro brasileiro em todas as edições da competição – fica em sexto no geral. A receita para superar a pressão de uma decisão na Libertadores, para Luizão, é simples.
– Nunca liguei muito para pressão. O jogador tem só de ficar atento e procurar o gol o tempo todo. Não tem segredo.
Luizão acredita que, desta vez, a partida entre Vasco e Corinthians não terminará sem gols. O ex-jogador aposta em alguns jogadores para desequilibrar: os experientes Juninho Pernambucano e Felipe, pelo lado carioca, e Alex, Danilo e Emerson, pelo corintiano. A torcida de Luizão é para que as fichas depositadas nos corintianos não sejam perdidas, mas se forem, também não será tão ruim.
Os melhores times do último Campeonato Brasileiro decidem nesta quarta-feira qual deles continuará em busca do tão sonhado título da Taça Libertadores. Em evidência desde a temporada anterior, Corinthians e Vasco fazem, a partir das 21h50m, no Pacaembu, um jogo sem favoritos que colocará um deles entre os quatro principais clubes das Américas e poderá fazer o outro passar por um momento de instabilidade após fracasso também no estadual.
O empate sem gols em São Januário deixou a disputa aberta e a projeção de um confronto emocionante em São Paulo. Se o placar se repetir, a decisão será nos pênaltis. Qualquer outro empate dá a vaga aos cariocas, pelo critério de gols fora de casa. O vencedor avança à semifinal.
Invicto no torneio e sem sofrer gol em casa, o Corinthians se apega à força dos mais de 34 mil torcedores que lotarão o estádio. E põe à prova um novo esquema tático, sem centroavante. Liedson, cada vez mais em baixa, foi novamente preterido para que o meia Alex atuasse avançado, como no Rio.
Já o Vasco tem na bagagem a confiança de ter eliminado o Lanús, na Argentina, nas cobranças de pênaltis. A principal esperança está na velocidade de Eder Luis para jogar nos contra-ataques e tentar surpreender.
O ganhador deste duelo tem três possibilidades para a semifinal: enfrentar o Santos (caso elimine o Vélez Sarsfield); o Fluminense (caso passe pelo Boca, e o Santos seja eliminado pelo Vélez); ou o vencedor de Universidad de Chile x Libertad (caso Vélez e Boca eliminem Santos e Flu). O regulamento prevê que dois times do mesmo país devem se enfrentar nas semifinais.
Leandro Pedro Vuaden (RS) apita a partida, auxiliado por Altermir Hausmann e Carlos Berkenbrock (ambos RS). A Rede Globo transmite a partida para os estados de SP, RJ, MG, ES, RS, PR (menos Curitiba), SC, PE, CE, PB, SE, MA, RN, PI, AL, DF, MT, MS e Região Norte. Você acompanha também, em Tempo Real, no GLOBOESPORTE.COM.
Corinthians: Tite optou por não fazer mudanças em relação ao empate sem gol no Rio de Janeiro. Liedson jogou mal contra o Fluminense, pelo Brasileirão, e não convenceu o treinador de que poderia voltar à equipe. Com isso, permanece o esquema com o meia Alex mais livre na frente. A formação é a seguinte: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Alex; Jorge Henrique e Emerson.
Vasco: como de costume, o técnico Cristóvão Borges não revelou qual será a formação para a partida decisiva contra o Corinthians. Mas a tendência é que repita os titulares do empate por 0 a 0, em São Januário. Uma alternativa seria a entrada de Felipe no meio-campo, possivelmente no lugar de Juninho. O Vasco deve começar com Fernando Prass, Fagner, Renato Silva, Rodolfo e Thiago Feltri; Romulo, Nilton, Juninho (Felipe) e Diego Souza; Eder Luis e Alecsandro.
Corinthians: Paulo André e Wallace se recuperam de cirurgias: o primeiro no joelho direito, e o segundo no tornozelo esquerdo. Edenílson sofreu uma fratura no pé esquerdo, e Ramírez foi convocado para a seleção peruana.
Vasco: Dedé continua se recuperando de um edema ósseo na perna esquerda. O atacante Carlos Tenorio sofreu uma cirurgia no tendão de Aquiles do pé direito, e o meia argentino Abelairas sente dores nas costas.
Corinthians: Emerson costuma assumir a responsabilidade de decidir em partidas importantes do Timão. Na fase anterior, o atacante foi determinante na vitória por 3 a 0 sobre o Emelec, em São Paulo. Agora, é uma das grandes armas de Tite para abrir a defesa vascaína com velocidade e jogadas individuais.
Vasco: ninguém esconde que os contra-ataques serão a grande aposta para marcar o gol que pode dar a classificação no tempo normal. Por isso, Eder Luis será uma peça considerada de extrema importância. A velocidade e a habilidade do camisa 7 são trunfos vascaínos.
Tite, técnico do Corinthians: “Vamos para um jogo decisivo em que queremos ser melhores que o adversário, ganhar dentro de campo, com entrosamento e qualidade técnica. É o campeão contra o vice do último Brasileiro. Será um grande jogo mais uma vez”.
Cristóvão Borges, técnico do Vasco: “O Corinthians não tomou gol (em casa) na Libertadores. Marca muito bem. Nosso time é ofensivo, sempre faz gols. A briga é essa. Agora é o jogo decisivo. Ou vamos fazer gol e passar, ou o Corinthians não vai tomar gol e passar”.
* O Corinthians tem a melhor defesa desta Libertadores, com dois gols sofridos em nove jogos (média de 0,22). Na história da competição, as equipes com no mínimo nove jogos que tiveram as melhores defesas são: Boca Juniors, campeão de 1977, com três gols sofridos em 13 jogos (média de 0,23); Nacional-URU, campeão de 1971, com quatro gols sofridos em 13 jogos (0,30); Nacional-URU, campeão de 1980, com cinco gols sofridos em 12 jogos (0,40); e Cobreloa, vice de 1981, com cinco gols sofridos em 12 jogos (0,40).
* Neste ano, o Corinthians disputou 18 jogos no Pacaembu, com 13 vitórias, dois empates e três derrotas, marcando 29 gols e sofrendo dez. Em suas últimas 50 partidas no Pacaembu, o Timão venceu 33 vezes, empatou oito e sofreu nove derrotas, com um aproveitamento de 71%.
* O retrospecto recente do confronto entre Vasco e Corinthians aponta pequena vantagem cruz-maltina. Nas últimas dez partidas, o Vasco venceu três vezes, contra duas vitórias corintianas e cinco empates. No século 21, esse clássico nacional foi disputado 23 vezes, com nove vitórias corintianas, nove empates e cinco vitórias vascaínas - com 30 gols do Timão e 23 do Vasco.
Corinthians e Vasco se enfrentaram na última quarta-feira, em São Januário. Com o gramado castigado por causa da chuva, as equipes fizeram uma partida de pouca produtividade ofensiva. Os cariocas reclamaram de um gol de Alecsandro, anulado corretamente pela arbitragem sob a alegação de impedimento. O empate por 0 a 0 deixou em aberta a disputa pela vaga nas semifinais da Taça Libertadores.